Olá! Me chamo Samuel Alves, tenho 17 anos e vou falar um pouco sobre vegetarianismo a convite do Léo Siqueira, que acompanha meu cotidiano e sempre troca ideias a respeito disso comigo. Ele e as meninas do blog viram a relevância desse tema e acharam interessante falar sobre a discussão que está cada vez mais presente nas mesas de restaurantes e lanchonetes.
Geralmente, a primeira reação de quem come comigo pela primeira vez é dizer: “Cadê a carne?”. Após explicar que sou vegetariano, as próximas perguntas são sobre os motivos que me levaram a não comer carne, que, aliás, sempre vêm com um tom pejorativo e irônico. Apesar da imagem negativa de vegetarianos que muitas pessoas aparentam ter, sempre esteriotipada em indivíduos chatos que forçam seu estilo de vida a quem está ao seu redor, algumas outras pessoas que estão dispostas a ver o outro lado da moeda acabam entendendo e concordando com o que digo.
Mas vamos por partes. O que é vegetarianismo? Vegetarianismo é um estilo de vida e uma ideologia que é baseada no respeito a todos os seres sencientes (aqueles que possuem capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade). O vegetarianismo visa à desconstrução do especismo, que é a ideia difundida por todo o mundo de que uma espécie, no caso a humana, é superior às outras e por isso deve ter total domínio sobre a vida destas.
Quando tive o primeiro contato com a indústria da carne, no meu curso de Agroindústria, não senti repulsa nem nenhum tipo de aversão aos assassinatos e torturas em que são submetidos os “animais de abate”. Tudo aquilo era muito naturalizado pra mim e não passava de uma coisa que precisava ser feita para que a necessidade do consumo de carne da população fosse atendida. Visitei o frigorífico de Ituiutaba e não tive nenhum problema emocional (além da minha alienação ao que estava escondido ali, rs).
Logo depois disso, conheci um amigo que é vegetariano. Pelo simples fato de lembrar que existiam pessoas que consideravam errado o consumo de carne, fui atrás de explicações e acabei me deparando com o filme Terráqueos (para assistir entre em http://www.terraqueos.org/), e, logo depois de assisti-lo, decidi me tornar vegetariano. Está fazendo 11 meses que isso aconteceu.
Este filme me trouxe a sensibilidade que eu tinha perdido durante meu crescimento. Quando era criança, já tinha tentado me tornar vegetariano por considerar errado matar animais para a alimentação, mas, sem as justificativas que tenho hoje, não foi fácil continuar. Aliás, quem não teve um episódio na infância no qual o sofrimento de algum bichinho foi comovente? Que criança nunca chorou ao ver alguém bater em algum cachorrinho sem piedade?
O que acontece é que, quando fomos crianças, víamos as coisas mais literalmente, como elas realmente são. Quando víamos o sofrimento de um animal ou de alguma pessoa, não tentávamos justificá-lo, mas sim intervir a favor. E é isso que o vegetarianismo busca: o fim da escravidão animal, a libertação de todos os seres que sentem alegria, dor, prazer e desejo.
Ser vegetariano dá a sensação de justiça, pois, com o simples ato de não nos alimentarmos da morte e do sofrimento alheio, mostramos a todos que há uma alternativa pacífica de viver no mundo.
Apesar disso, muita gente se preocupa com a suposta falta de proteínas na alimentação vegetariana. Isso é um mito, pois a maioria dos vegetais que normalmente comemos é rica em proteínas e, com uma alimentação balanceada, o quadro nutritivo dos pratos sem carne fica bem saudável. Entretanto, diariamente acontecem refeições que são estruturadas com a carne sendo o alimento principal, e quando ela é tirada do prato não há a adição de nenhum outro alimento – o que pode ser facilmente contornado com o consumo da proteína texturizada de soja (“carne de soja”) e outros “substitutos”, como hambúrgueres e quibes, que apresentam textura muito semelhante às versões tradicionais.
Outras opções vão de pratos simples, baseados em batatas, berinjelas e tomates até pratos mais sofisticados, como algumas refeições árabes, lasanhas e pizzas tradicionais (sim, rs). Mas mesmo sem estas substituições, é fácil se adaptar à nova dieta quando se entende o real motivo desta.
O blog Laço e Gravata irá dar apoio aos que se interessam pelo vegetarianismo, fornecendo informações e receitas com frequência (nesta semana já teremos novidades!). Isso é um dos exemplos de quanto o movimento em favor dos direitos animais está crescendo e mostrando sua importância na vida de todos.
Reconhecer que animais não-humanos devem ser respeitados e libertos vai além de apoiar ONG’s de apoio a cachorrinhos abandonados e ser contra o consumo de carne de cães em países Orientais. A mudança pode começar no nosso prato, mas não pode parar por aí.
Quando entendemos que a luta pela abolição animal tem sentido político e que, assim como o racismo e a LGBTfobia, o especismo deve ser desconstruído para uma sociedade mais justa e livre da discriminação e da escravidão, fica fácil ser vegetariano. A decisão é sua, pois nunca foi tão fácil ser vegetariano. O vegetarianismo é aquilo que todos nós podemos fazer hoje – agora – para ajudar os animais. O vegetarianismo não requer uma campanha cara, nem o envolvimento de uma grande organização, nem legislação, nem nada fora o nosso reconhecimento de que, se o termo “direitos animais” significa alguma coisa, significa que não temos justificativa para matar e comer animais.
Para encerrar, deixo um abraço a todos e uma frase sobre tudo isso:
“Se você acredita que as vidas dos animais têm valor para eles próprios, e que por isso você deve respeitá-las, então pare de participar da matança dos animais, por mais “humanitariamente” que eles sejam tratados.”
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