O INCOMODADO QUE SE RETIRE
- Leonardo Siqueira
- 23 de mai. de 2018
- 2 min de leitura

Tem gente que quebra nossas expectativas desde o início. Que espera que não se cobre nada nunca, e que associa isso à espontaneidade. Nem sempre é bom criar vínculos com essas pessoas, porque por mais que a expectativa implique em esperar algo além do que a pessoa pode dar, ou algo que ela simplesmente não pode dar, não é justo anular a reciprocidade por isso. Dessas pessoas a quem não se pode esperar nada, as vezes o outro se faz acostumar. Isso faz com que qualquer migalha de qualquer coisa, gesto, resposta, se torne um banquete. Existe a ideia de que se deve dar sem esperar em troca, isso anula a reciprocidade também. Eu entendo que nem tudo que se faz deve ser recompensado, e que doar certos gestos e sentimentos sem esperar em troca é bonito e nobre. Também acho triste as vezes. A reciprocidade é natural na mutualidade, e fazer sem receber nem sempre é justo. Faz pensar no valor, e faz pensar nas migalhas. É bonito gostar de uma pessoa pelo que ela é, não necessariamente significa que essa pessoa vá fazer bem. É bonito dar mais do que se recebe, e isso também não necessariamente significa que receber tão pouco vá fazer bem. Há coisas que não se cobra, e reciprocidade é uma delas. Criar expectativas é, na maioria das vezes, frustrante. No fim, a questão não é com o outro, não se pode esperar que o outro mude ou força-lo a isso, não se pode esperar mais do que ele pode dar, e se ele nada pode dar, o que se fazer? Se estar com o outro lhe faz mal… Bem, não se pode controlar a ação de terceiros, mas é sempre bom averiguar as próprias ações. Ir embora, mesmo que à priori, seja pior, muitas vezes não doi tanto quanto se alimentar de migalhas.
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